nem tudo é o que parece ser
A SUSPEITA é uma sugestão para os tempos difíceis, conturbados, ameaçados pelas gentes mentirosas. As certezas não fazem mais sentido. Assim como é proibido proibir, é necessário suspeitar no primeiro momento. Buscar, conhecer, desvendar e aí então se entregar. De corpo, cabeça e alma. Confiar no outro, nas ideias, nas propostas. Difundir, espalhar o horror aos preconceitos, às discriminações, à maldade, enfim. Compreender-se e compreender para além de si mesmo. Recuperar o que foi suprimido, punido, execrado pela moral hipócrita dominante. Fomos atrás das manifestações do brega, do simples, do direto. Do novo e do velho, do moderno e do antigo, do popular e do erudito. Como numa antiga quitanda de bairro onde convivem o bacalhau e a sardinha, a pipoca doce de saquinho, a goiabada, o sal grosso e biscoito de polvilho.
Como no parque de diversões do trem fantasma, do labirinto de espelhos, dos sustos e da maçã do amor. A SUSPEITA pode ser tudo, todos. Podemos ser nós. Doidos e doídos pela miséria do nosso povo, pelos maus tratos com nossa natureza, nossas riquezas, nossos povos, mas suspeitando que cabe a nós abrir os olhos, abrir a boca e não calar nem de medo nem de paixão.