mostra luna alkalay - fantasias do real
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MOSTRA ALKALAY – FANTASIAS DO REAL
21/03/2024 – 24/03/2024
CINEMATECA BRASILEIRA (Largo Sen. Raul Cardoso, 207 - São Paulo)
1974-2024. 50 anos das filmagens de Cristais de Sangue. Inacessível há mais de duas décadas – quando houve a última sessão pública do filme – a "Mostra Luna Alkalay – Fantasias do Real" irá celebrar o restauro e digitalização da obra através de uma retrospectiva que contempla a trajetória cinematográfica de Luna Alkalay. Na sessão do filme, será distribuído ao público o material gráfico/HQ criada por Rogério Duarte na ocasião do lançamento.
Nascida em Milão, aproximou-se do cinema em 1968, quando acompanhou as filmagens de Um Clássico, Dois Em Casa, Nenhum Jogo Fora, de Djalma Limongi Batista, enquanto cursava filosofia na USP. Ao lado de Aloysio Raulino, entre 1970 e 1971, realizou os curtas Lacrimosa, Arrasta a Bandeira Colorida e Jardim Nova Bahia (1971) e, como atriz, participou de Pra Frente, Brasil (1970), de Plácido de Campos Jr. e Sem Saída (1971), de Agnaldo Siri Azevedo. Em 1972, realizou o curta Sangria – raríssimas vezes exibido – que conta com Fernando Peixoto, Selma Egrei, Emmanuel Cavalcanti e Jofre Soares no elenco.
Cristais de Sangue, seu primeiro longa-metragem, realizado na Chapada Diamantina, faz com que se aproxime da Bahia, onde mais tarde realizou curtas ao lado de André Luiz Oliveira, como Dia de Vaquejada (1976). No mesmo período, integrou a equipe de Roças (1975), de Rogério Corrêa, Trem Fantasma (1977), de Alain Fresnot, Tem Coca Cola no Vatapá (1976), de Pedro Farkas e Rogério Corrêa, entre outros.
Após um período de autoexílio em Portugal, entre os anos 1980 e 2000, Luna produziu o Projeto Mensagem, de André Luiz Oliveira a partir da poesia de Fernando Pessoa, colaborou no roteiro de Louco Por Cinema (1994) e atuou como produtora em inúmeros projetos.
O longa Estados Unidos do Brasil (2004-2005) marca sua volta à direção. Na obra, a questão da identidade pessoal e nacional é refletida através da entrevista de três jovens da periferia de São Paulo que trabalham como covers. Recentemente, lançou o livro Minha Mãe Inventada (2023) e finaliza dois novos longas-metragens, com estreia prevista para 2024.
PROGRAMAÇÃO
DIA 21/03/24 (QUINTA)
20H - Sessão I
Trailer de Cristais de Sangue (1974-1975, 3min, Luna Alkalay)
Trailer de Trópico de Leão (2024, 4min, Luna Alkalay)
Sangria (1972, 14min, Luna Alkalay)
Cristais de Sangue 1974-2024 (2024, 14min, Felipe Abramovictz)
Cristais de Sangue (1974-1975, 83min, Luna Alkalay)
Sessão apresentada pela cineasta Luna Alkalay, organizador Felipe Abramovictz e convidados do elenco e produção
DIA 22/03/24 (SEXTA)
19h - Sessão II
Ladeiras de Salvador (1975, 12min, André Luiz Oliveira)
Dia de Vaquejada (1975, 9min, André Luiz Oliveira e Luna Alkalay)
Roças (1975, 26min, Rogério Corrêa)
Tem Coca Cola no Vatapá (1975-1976, 35min, Rogério Correa e Pedro Farkas)
Sessão seguida de bate-papo com Pedro Farkas, Rogério Corrêa, Luna Alkalay e os organizadores
DIA 23/03/24 (SÁBADO)
15h - Sessão III
Lacrimosa (1970, 13min, Aloysio Raulino e Luna Alkalay)
Arrasta a Bandeira Colorida (1970, 12min, Aloysio Raulino e Luna Alkalay)
Jardim Nova Bahia (1971, 14min, Aloysio Raulino)
Teremos Infância (1974, 11min, Aloysio Raulino)
Seguida de bate-papo com a realizadora Luna Alkalay, mediação de Lorenna Montenegro
17h - Sessão IV
Trem Fantasma (1977, 83min, Alain Fresnot)
Sessão apresentada por Alain Fresnot, seguida de debate
DIA 24/03/24 (DOMINGO)
16h - Sessão V
Abertura de EuGatto, o griô tropical (2024, 5min, Luna Alkalay e Felipe Abramovictz)
Estados Unidos do Brasil (2004, 71min, Luna Alkalay)
Estados Unidos do Brasil 2004-2024 (2024, 11min, Luna Alkalay e Felipe Abramovictz)
Seguida de bate-papo com a realizadora, organizadores e convidados do elenco e produção
Da Mostra Luna Alkalay o que de mais significativo resulta é o registro de um momento quase impossível e, no entanto, retrato da imensa vontade de resistir, de encontrar a metáfora que expressasse o proibido, driblasse a censura, vencesse o silêncio. Filmes feitos entre amigos.
A Mostra Luna Alkalay, poderia vir com esse subtítulo: um cinema feito entre amigos. Reunidos nos botecos, nas casas, vivíamos cinema todas as horas do dia, filmávamos com pontas de negativo, com câmeras emprestadas, com o que estivesse ao nosso alcance. Até com negativos fotográficos, como no Arrasta a Bandeira Colorida. A criatividade era sempre acolhida, respeitada, incentivada. As dificuldades de produção eram ultrapassadas pelo afeto, pela cumplicidade.
E assim os filmes surgiam, os festivais os acolhiam, o laboratório era pago.
No Cristais de Sangue, o Walter Rogério gravou o som direto coberto por mantas que “vedavam” o barulho do motor da Arriflex não blimpada. Lacrimosa foi feito numa tarde em que tínhamos algum negativo, um fusca, uma câmera e a genialidade do Aloysio Raulino.
Esse era o modelo de produção. Essa era a matéria da nossa amizade.
Participei da produção, dos roteiros, operei um Nagra, fui atriz, narradora, dubladora, diretora.
Finalmente, hoje, décadas mais tarde, meu amigo, Felipe Abramovictz, resgatou os filmes, tratou deles, e os devolveu às telas.
A mostra leva meu nome, mas os filmes são assinados por todos nós, e pertencem a vocês que vão assisti-los.
Espero você lá.
LUNA ALKALAY